O fundador da influente comunidade católica leiga de Santo Egídio, Andrea Riccardi, comprometida há 40 anos com mediações de paz, foi nomeado ministro da Cooperação Internacional e Integração do novo gabinete italiano. Aliás, é apontado como tendo agido nos bastidores para a conclusão, em 1992, do Acordo Geral de Paz de Roma que pôs fim a 16 anos de guerra em Moçambique. Desempenhou também papel importante em numerosos processos de mediação, como o que deu lugar ao acordo de paz na Guatemala, em 1996.
Professor de história contemporânea da Universidade Roma Tre, de 61 anos, Riccardi é conhecido como um dos canais da 'diplomacia' do Vaticano.
Trata-se da primeira vez que um membro da Santo Egídio entra para o governo.
Recorde-se que, a 22 de novembro do ano passado, a Comunidade de Santo Egígio e o Ministério da Justiça moçambicano assinaram em Maputo um memorando de entendimento para a implementação do Programa BRAVO!, que até finais deste ano deverá registar quatro milhões de crianças.
Na altura, o professor Andrea Riccardi assinalou que Moçambique tem feito um "trabalho enorme", e que "a primeira vez que vim a Moçambique, em 1980, a situação era muito difícil, hoje e deram enormes passos e esperamos chegar a toda a população".
A Comunidade de Sant'Egidio em Moçambique, entre outras iniciativas, tem levado a cabo o programa DREAM, de ajuda às mulheres seropositivas, além de apoiar os doentes de HIV/SIDA nos estabelecimentos prisionais.
A entrada de Riccardi no governo italiano, liderado pelo economista Mario Monti, ilustra a influência de um sector católico no gabinete de emergência, formado por tecnocratas, com o objectivo de pôr fim à fase de instabilidade financeira que, na semana passada, deixou a Itália à beira da quebra.
A Comunidade de Santo Egídio, apelidada "a pequena ONU do Trastevere", nome do bairro romano onde fica sua sede, foi fundada em 1968 por Riccardi e um grupo de estudantes católicos; com o passar dos anos, especializou-se em negociações de paz.